Polícia diz que Carol Amador cometeu injúria, mas não crava racismo
Não há dúvidas que a vereadora Ana Carolina Lima Amador, a Carol (MDB),
cometeu injúria contra o colega Vanderley Vieira de Souza (UB), mas não é possível
afirmar que se trata de racismo.
Assim o delegado Ademir Gasques Santos Júnior concluiu o inquérito policial civil
aberto para investigar a denúncia de racismo dentro da Câmara Municipal de Jales. O
documento tem data de 12 de abril e já foi enviado para o Ministério Público, que é
quem vai dar a palavra final sobre o caso. A conclusão do promotor é imprevisível.
A falta de firmeza da servidora municipal Gina Zacarias, que é a única testemunha do
caso levou o delegado a esse resultado.
“Em verdade, somente a servidora Gina ouvira a expressão e esta, quando indagada, alegou não ter certeza das palavras utilizadas pela vereadora, podendo ter sido gorila ou mesmo ogro. Haja vista a dúvida, deixamos de proceder ao formal indiciamento
de Ana Carolina Lima Amador, vez que, havendo a configuração de crime de injúria (art. 140, caput do Código Penal), este é de menor potencial ofensivo”, escreveu.
A investigação apurou que Gina declarou em duas ocasiões diferentes e para pessoas
diferentes, que ouviu Carol cometer a injúria racial, chamando o colega de “gorila”,
mas depois de uma conversa com a investigada, voltou atrás e disse que não tinha
certeza da palavra usada.
“A testemunha Gina Cláudia Zacarias da Silva, ao ser ouvida, afirmou que no mês de
janeiro se encontrava nas dependências da Câmara, quando ali chegou a vereadora
Ana Carolina e ambas passaram a conversar sobre a eleição para presidência. Quando
o assunto chegou no vereador Vanderley, que era um dos concorrentes, a depoente
asseverou que o vencedor (Bismark Kuwakino) era mais controlado que Vanderley,
momento em que a vereadora teria feito um comentário e saído em seguida. A
testemunha Gina afirmou ter ouvido inicialmente a palavra gorila. Posteriormente
Ana Carolina teria lhe dito (para Gina) que a palavra usada fora ogro. A testemunha
asseverou não ter certeza do termo utilizado”, relatou o policial.
O diretor da Câmara Municipal, Arco Antônio Zampieiri, disse em sua oitiva, que
Gina reafirmou, na presença de Vanderley, que teve uma conversa com a vereadora e
ela o teria chamado de “gorila”. Porém, posteriormente, em conversa privada, ela
teria dito que não se recordava das palavras exatas usadas pela vereadora investigada.
O vereador Ricardo Gouveia também prestou depoimento e confirmou ter ouvido
conversas de bastidores sobre o assunto e entrado em contato com Vanderley, mas
não presenciou a conversa entre Gina e Carol.
Ainda que não seja processada por injúria racial, Carol Amador pode incorrer no
crime de injúria simples. Em sua oitiva, ela confirmou a conversa, mas asseverou ter
dito que Vanderley era um “ogro”, no sentido de grosseiro, e negou que tenha usado
uma expressão racista. Tal versão foi confirmada na tribuna da Câmara, durante
Sessão Ordinária, e a ofensa foi repetida na mesma ocasião.
A vereadora investigada confirmou que conversou com a servidora Gina Zacarias
sobre o assunto ele teria dito que não se recordava qual era a palavra exata.
ENTENDA O CASO
O inquérito policial foi instaurado para apuração de eventual delito de injúria racial,
ocorrido dentro da Câmara Municipal em janeiro de 2023. De acordo com o
requerimento de abertura do inquérito, a vereadora Ana Carolina Lima Amador, teria
praticado injúria racial contra o vereador Vanderley Vieira Dos Santos.
Ainda segundo consta do requerimento, a vereadora teria dito, nas dependências da
Câmara Municipal, “Ainda bem que aquele gorila não ganhou a eleição”, referindo-se
a Vanderley. Tal frase teria sido dita para a servidora municipal Gina Cláudia Zacarias
da Silva, que, contudo, não confirmou em depoimento o que tinha dito em outras
duas ocasiçoes anteriores.
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