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Jornal mais antigo de Jales deixa de circular na forma impressa


Ninguém fazia ideia, mas quando circulou com a sua tradicional retrospectiva anual no dia 15 de dezembro de 2024, o Jornal de Jales, o mais antigo da cidade e um dos mais antigos da região, se despedia das bancas. Depois de 53 anos, aquela foi a sua última edição impressa.

O vídeo publicado na ocasião em sua página no Facebook anunciava que haveria uma pausa na circulação até o dia 6 de janeiro, o que indica que a decisão pode ter sido tomada de última hora. A jornalista Giana Rodrigues, que atuava como editora-chefe do semanário, se desligou da empresa para cuidar da saúde e isso pode ter precipitado o encerramento do formato impresso, já que não é fácil encontrar um jornalista experiente e competente no mercado. Giana foi a última de vários funcionários antigos que foram deixando o Jornal de Jales paulatinamente depois que o seu último proprietário, Deonel Rosa Júnior, morreu em maio de 2023. Ela confirmou o fim das edições impressas. Mas não há uma motivação única e talvez o encerramento das atividades físicas seja uma soma de vários fatores.

Também não houve um comunicado oficial até o momento.



Os altos custos de impressão seriam o principal motivo para o fim do Jornal de Jales na forma impressa. Ao contrário dos semanários de grande circulação na cidade, o Jornal de Jales era o único que não possuía um parque gráfico próprio e exclusivo, ou seja, precisava pagar pela impressão, o que implicava mais custos que estavam inviabilizando a circulação do veículo na foram física.

A expectativa é que o Jornal de Jales passe a ser publicado apenas na internet, mas até esta quinta-feira, 16 de janeiro, havia apenas duas publicações na sua página. Ambas falavam sobre homenagens prestadas a Deonel, a inauguração do viaduto que leva o seu nome e a do auditório da Fatec Jales, que também foi batizado com o nome do jornalista.

HISTÓRIA

Segundo o site do veículo, o Jornal de Jales foi fundado por um professor, Francisco Melfi, e um bancário, José Roberto Moreira, ambos de Mirassol, em 10 de outubro de 1971. Dois anos antes, em 1969, eles haviam implantado “O Jornal”, em Santa Fé do Sul, e a Mimasp, uma empresa para gerenciar veículos de comunicação.

Em 1971, Jales completava 30 anos. O prefeito era o médico Edson de Freitas. O município era considerado próspero, por isso Chico Melfi e Zeca Moreira decidiram expandir suas atividades e montar um jornal na cidade.

Quando foram pesquisar o mercado local, descobriram que já existia um jornal, mas fechado, chamado Folha da Região, que pertencia a um radialista. Procuraram pelo proprietário, fecharam o negócio e mudaram o nome para Jornal de Jales.

O primeiro editorial do JJ. afirmava que o veículo nascia para lutar pelo desenvolvimento da cidade e, para isso, contaria com a ajuda da população no levantamento das questões importantes que precisariam ser discutidas com os governantes para ações que resultassem em medidas concretas de melhoria da sociedade jalesense e da região.

Em 1980, Chico Melfi também precisou se afastar do Jornal de Jales para assumir negócios de família. Foi quando ele vendeu o jornal para o jornalista Deonel Rosa Júnior, radialista, locutor e ex-editor do concorrente Folha da Região.

Em comemoração pela passagem dos seus 53 anos de fundação, a jornalista e ex-editora do Jornal de Jales, Ayne Regina Salviano, escreveu em 10 de outubro de 2024, que o jornal chegava aos seus 53 anos “ainda disposto a ajudar no desenvolvimento da cidade e de toda a região”.

“Os desafios enfrentados por Chico Melfi, Zeca Moreira e Deonel Rosa Junior são os mesmos que vem sendo enfrentado pelos seus sucessores. A diferença é que agora, o Jornal de Jales é um bem imaterial da cidade. Bem imaterial é tudo aquilo que é importante para a cultura de um povo. Portanto, não faz sentido pensar em Jales sem o Jornal de Jales, que pode, a partir de agora, se desdobrar em vários formatos hoje, inclusive o digital”, escreveu.

“Que os próximos anos possam ser ainda mais desafiadores (porque ninguém cresce na zona de conforto). Que os sucessores de Chico Melfi, Zeca Moreira e Deonel Rosa Júnior entendam a grandiosidade do Jornal de Jales e do jornalismo cidadão. São meus votos pelos 53 anos de muita luta!”, finalizou.

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