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A missão da caridade: reflexão sobre o amor em ação - artigo semanal da Diocese de Jales



A caridade, considerada a maior das virtudes teologais, é um chamado

fundamental para toda a humanidade. Derivada do amor divino, ela transcende

simples gestos de bondade ou ajuda material. Na tradição cristã, a caridade é,

antes de tudo, a manifestação do amor de Deus em nós, que nos impulsiona a

amar o próximo de forma autêntica e desinteressada. É a essência do Evangelho

e o núcleo da vida cristã.

Padre Jean Ferreira, Paróquia Santo Expedito de Jales e vice-presidente da Cáritas Diocesana

São Paulo, em sua carta aos Coríntios, ensina que, entre a fé, a esperança e a caridade, esta última é a maior (1 Cor 13,13). Esse amor não se limita a palavras

ou sentimentos, mas se traduz em ações concretas que transformam a realidade.

A caridade nos faz enxergar a dignidade de cada ser humano, reconhecer suas necessidades e responder a elas com generosidade, sem esperar retribuição.

A missão da caridade em nossa vida é dupla. Primeiramente, ela nos faz crescer em comunhão, pois, ao amar o próximo, estamos, na verdade, amando ao próprio Cristo, que se identifica com os mais pobres e necessitados (Mt 25,40). Em segundo lugar, a caridade nos leva a uma verdadeira conversão pessoal e social.

Ao praticar o amor ao próximo, somos desafiados a sair de nossa zona de

conforto, abandonando o egoísmo e o individualismo que marcam nossa

sociedade.

Viver a caridade exige um coração aberto à escuta e à empatia. Não é

simplesmente dar algo ao outro, mas dar-se ao outro. Na prática, isso se

manifesta de diferentes formas: no cuidado com os mais vulneráveis, na defesa

dos direitos dos oprimidos, na promoção da justiça social e no cultivo de relações

baseadas no respeito e na solidariedade.

A caridade, no entanto, não pode ser confundida com assistencialismo ou com

atitudes paternalistas. Ela deve promover a dignidade e a autonomia do outro,

sempre buscando construir pontes e não muros. A verdadeira caridade é

libertadora, pois deseja não apenas aliviar o sofrimento imediato, mas também

transformar as estruturas sociais que geram pobreza, exclusão e desigualdade.

Além disso, a prática da caridade não está restrita a grandes gestos heroicos.

Muitas vezes, é no cotidiano, em pequenas ações, que ela se faz mais presente e

eficaz. Um sorriso, um abraço, uma palavra de consolo, o tempo dedicado a

escutar alguém: tudo isso são expressões do amor que Deus derrama em nossos

corações.

Em um mundo marcado pela indiferença e pelo individualismo, a caridade se

revela como um caminho de esperança. Ela nos recorda que não estamos

sozinhos e que somos chamados a ser instrumentos do amor de Deus na vida de

nossos irmãos. Ao abraçar essa missão, tornamo-nos construtores de um mundo

mais justo, fraterno e solidário, no qual o amor ao próximo é a força motriz para

a transformação social.

A virtude da caridade, portanto, é um chamado permanente à conversão do

coração e à ação transformadora. É ela que nos permite ver Cristo em cada

pessoa e nos dá a força para responder com generosidade e amor às necessidades

do nosso tempo. Que possamos, inspirados por esse amor, viver de forma

concreta a caridade, tornando o mundo mais parecido com o Reino de Deus.

Sempre lembrando que atenção é a forma mais pura e sincera de caridade.




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